terça-feira, 18 de agosto de 2009

Relatos de experiência - revista Camine UNESP

Relatos de experiência (lançamento 12/11/09)
ANÁLISE DE RESULTADOS DE AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS PARA
A EDUCAÇÃO BÁSICA
Reports of experience
ANALYSIS OF RESULTS OF EVALUATIONS TO THE INSTITUTIONAL
BASIC EDUCATION

Leny André Pimenta
leny@cocfranca.com.br
http://lattes.cnpq.br/8402199939092825

CAMINE: Cam. Educ. = Ways Educ., Franca, SP, Brasil - eISSN 2175-4217 – está licenciada sob Licença Creative Commons

RESUMO
Este artigo apresenta os passos da avaliação aplicados na educação básica das escolas COC na cidade de Franca-sp. E estabelece os parâmetros para a auto-avaliação institucional através doprocesso de tomada de consciência das pessoas envolvidas a partir da participação e da reflexão coletiva a partir de relatos de experiências.

Palavras-chave: COC Franca. educação básica. avaliação. autoavaliação institucional. Aprendizagem significativa.

ABSTRACT
This article presents the steps used in the evaluation of basic education at COC schools in Franca city.
Sets the parameters for self-evaluation through the process of institutional awareness of the people involved from the participation and collective reflection from a report of experiences.

Keywords: COC Franca. education. assessment. institutional self. significant learning.


A avaliação institucional, compreendida como uma das dimensões do processo de desenvolvimento de uma instituição de ensino, comprometida com a sociedade na educação do “ser”, pode ser um instrumento muito valioso. Para isso, é necessário que se estabeleçam critérios para essa avaliação, os quais possam torná-la útil para se conhecer - de forma sistemática - a realidade, a fim de nela intervir de forma responsável e efetiva.
Avaliar demanda, inicialmente, uma definição de posicionamento: “onde” queremos chegar. Portanto, o primeiro passo da avaliação consiste na definição do propósito e dos objetivos da instituição para que se estabeleça por que avaliar.
Assim, definiu-se que o COC Franca deseja construir e manter a qualidade do ensino que oferece à comunidade por meio de uma política educacional que visa a:
• intensificar a prática de reflexão permanente que auxilie os educadores a integrar esforços para a efetivação do compromisso social da instituição;
• resgatar, permanentemente, as contribuições teóricas dos educadores e privilegiar o debate em torno do campo da educação e de sua gestão.
O programa de Avaliação Institucional da Educação básica do Colégio Monteiro Lobato e Dinâmica Espiral-COC Franca objetiva examinar em que medida as ações administrativas e pedagógicas da instituição caminham na direção dessas metas, assim como investigar formas de tornar o programa mais eficiente.
Auto-avaliação Institucional é o “olhar” da instituição sobre si mesma, é o processo de tomada de consciência das pessoas que fazem parte da instituição, a partir da participação e da reflexão coletiva, a fim de orientar a tomada de decisões no sentido do comprometimento na construção da melhoria da qualidade da educação. A concepção de auto-avaliação institucional do COC Franca busca construir uma perspectiva formativa e emancipadora dentro dos seguintes princípios:
• Conectar (estar “plugado” com a realidade, aprender a conhecer);
• Construir (aprender a fazer, desenvolver habilidades e competências);
• Compartilhar (socializar, aprender a viver juntos);
• Continuar (aprender a ser “eterno” aprendiz);
A partir da concepção de que uma instituição educacional comprometida com sua função social só se constrói com uma gestão democrática, com a participação substantiva dos envolvidos, desenvolvemos um instrumento de auto-avaliação institucional a partir de discussões coletivas em seminários e reuniões de grupos de estudos interdisciplinares.
A avaliação se realiza de forma sistemática ao final de cada projeto e continuamente, por intermédio do exame das devolutivas diárias de auto-avaliação.
Os instrumentos de avaliação são construídos a partir da definição de um conjunto de habilidades consideradas essenciais, formando-se grupos temáticos e interdisciplinares. Para configurar um quadro aproximado da realidade institucional, consideramos diversos fatores e os agrupamos em quatro dimensões de análise:
• dimensão teórica (Referenciais e modelos, aspectos históricos);
• dimensão prática (Profissionais da Educação e Prática pedagógica);
• dimensão tecnológica (Recursos e ferramentas tecnológicas);
• dimensão organizacional (Organização do trabalho, condições físicas e materiais).
O coordenador pedagógico lidera o processo de avaliação, com base nas metas e resultados esperados para aquele ano, expressas em um “Plano de Trabalho”. A formação humana refere-se ao processo de humanização, que é o conhecimento fundamentado nas dimensões política, cultural, simbólica (dos valores e significados), técnica e social da Educação, para a construção da autonomia e emancipação humanas. O eixo da avaliação está centrado nas condições em que é oferecido o ensino, na formação do professor e de suas condições de trabalho, no currículo, na cultura e organização da escola, bem como na postura dos atores educacionais em seu conjunto.
Assim, qualidade de ensino diz respeito à melhoria no processo ensino aprendizagem articulado à socialização com qualidade dos conhecimentos culturais, científicos e tecnológicos historicamente produzidos. Na elaboração do plano de trabalho consideramos:
• Avaliação contínua professor/aluno com análise de resultados (Fomentar uma interpelação sistemática sobre a qualidade das suas práticas e dos seus resultados);
• Formação continuada: 4 seminários apresentados pelos professores;
• Organização do plano de metas, institucional e pedagógico.
Os resultados são tabulados e inseridos em um “Gráfico de Rendimento Escolar”. Após serem analisados, traduzem-se em indicadores de ressignificação da prática pedagógica. Dentro dessa análise, há verificação específica de conceitos que não foram apreendidos e nesse sentido a instituição tem como apoio imediato as atividades extra-curriculares e plantão de atendimento presencial e on-line.
Esse modelo é aplicado já há cinco anos, mensal e diariamente. Assim, as dificuldades de aprendizagem são rapidamente trabalhadas, o que permite a continuidade e apropriação de novos conceitos sem prejuízo sequencial.
Semanalmente, há a reunião de novos grupos para decidir como solucionar os problemas eventualmente encontrados ou, dependendo da urgência, o coordenador pedagógico, após análise e escuta do corpo docente, toma as providências que se mostrarem necessárias.
Os resultados da auto-avaliação e as formas de resolver os problemas são compartilhados entre toda a comunidade escolar – direção, coordenação, alunos, professores e pais, que então os discutem.
Devido à visão democrática do COC Franca, os instrumentos de avaliação institucional aplicados têm uma alta eficiência, pois seus resultados, além de serem fruto de estudos conjuntos da comunidade escolar, são aplicados imediatamente na correção de problemas eventualmente identificados. Outro dado importante para a eficiência da avaliação é sua constância, o que permite a intervenção frequente no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, antes que problemas possam se desenvolver e se tornar mais sérios.
Assim, a liberdade que possuímos para dar tratamento mais adequado aos conteúdos curriculares e implementação de métodos de ensino coadunados à nossa realidade são fatores relevantes que garantem, efetivamente, uma avaliação satisfatória, interna e externa, pois, permitem constantemente aos professores ressignificarem suas práticas pedagógicas. A intencionalidade da ação educativa indica que a avaliação está sempre a serviço dessa intencionalidade, cujo campo de atuação é o da aprendizagem significativa.

Planejar por competências utilizando a revista LEGO ZOOM

Leny Pimenta


Ao trabalhar com as revistas LEGO ZOOM você encontrará, no manual do professor, sugestões de planejamento das atividades que estão integradas, interligando o conhecimento, promovendo o desenvolvimento por competências.
Ao ler as histórias, as situações problemas e os desafios das construções, os alunos sentem-se motivados e, é essa motivação que mobiliza os conhecimentos que já possuem (prévios) levando-os em busca de novos conhecimentos.
Lembramos que as competências se desenvolvem sempre em “situações presentes em um contexto” a isso chamamos de “APRENDER FAZENDO, O QUE NÃO SE SABE FAZER” segundo Philippe Meirieu (1998).
Pensando assim o aluno terá um espaço ativo (orgânico) de aprendizagens, além da socialização que ocorre naturalmente na construção do conhecimento de forma afetiva, interativa e prazerosa. Segundo Perrenoud, “A competência para cooperar, que supõe a competência para comunicar, também é construída em função da experiência e de uma prática reflexiva”. Competências são esquemas mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor, que, mobilizadas e associadas (a “saberes teóricos” (+) experiências), geram um saber fazer. Elas estão ligadas a um saber que construímos internamente.
Sabemos que a meta da educação básica é promover o desenvolvimento pessoal do aluno, tornando-o capaz de tomar decisões ao longo de sua vida e de intervir socialmente, o que o tornará sujeito crítico, capaz de solucionar problemas e tomar decisões, a isso, nomeamos desenvolvimento de aprendizagem por competências. O ser humano aprende a enfrentar desafios através da mobilização de competências frente a problemas significativos para ele. Logo, terão significado os problemas referentes ao seu contexto.
Cada aluno é único, com histórias e “repertório” diversificados (saberes e competências acumuladas pela escolaridade e pelo que a vida lhe ensinou). O conteúdo da revista LEGO ZOOM procura ampliar este repertório, esta rede de conhecimentos que o aluno possui e o leva a mobilizá-los a serviço do seu próprio desenvolvimento.
Por isso, trazer situações significativas, que tenham relações com a vida para o aluno, é contextualizar. É diferente, portanto, de apenas “dar, ou citar exemplos”.
Mas a contextualização, além de ser efetivada pedagogicamente, ou seja, a partir do que tem significado para o aluno, também se realiza numa rede de conhecimentos: conceitos e conhecimentos de determinada disciplina são contextualizados no tempo, no espaço e no próprio universo do conhecimento. É a interdisciplinaridade sendo aplicada.
Uma das metodologias mais pertinentes ao desenvolvimento por competências é a das situações problemas. Nesse sentido a LEGO ZOOM apresenta vários dilemas, para cada faixa etária do fundamental I, possibilitando a expansão e construção de novos saberes.
Além de propiciar, que tal concepção se dê no coletivo, proporcionam a reflexão e o incentivo às práticas de valores, como o respeito às diferenças e a solidariedade. O processo de avaliação contínua é inerente a tal metodologia, promovendo uma análise diferenciada e a auto-avaliação.
Portanto, a LEGO ZOOM busca construir a autonomia intelectual do aluno, para tomada de decisões que é mais do que resolver problemas, pois implica na utilização de raciocínio lógico e de valores, como decidir pelo que é mais justo para ele e para a sociedade.
A multiplicidade de alternativas frente à tomada de decisões está intrinsecamente ligada à ampliação do repertório do aluno, que se dá pela construção de competências.
Esperamos que o aluno, através da mudança efetivada pela aprendizagem por competências, além de compreender melhor o mundo, saibam fazer críticas e contribuam para a mudança social, onde a inclusão e a solidariedade sejam metas renovadas.
A LEGO ZOOM é uma alternativa de desenvolvimento por competências, já que está implicada em uma proposta metodológica de aprender construindo. As atividades são cuidadosamente elaboradas a partir das habilidades que:-
-Envolvem o conhecimento tecnológico e sua operacionalização.
-Possibilitam a analisar criticamente um acontecimento.
-Estimulam o aluno a levantar hipóteses, a formular perguntas.
-Levam o aluno a gerar múltiplas hipóteses.
-Desenvolve no aluno a habilidade de explorar conseqüências para acontecimentos que poderão ocorrer.
-Permitem o desenvolvimento de habilidades comportamentais para se trabalhar em equipe.
-Desenvolve a visão sistêmica, o raciocínio lógico, a capacidade de dedução a partir da análise de fatos.
-Identifica o cenário real e desenvolvem a capacidade de prospecção de novos cenários, eventos.
-Desenvolvem a competência comunicativa; a compreensão leitora; a capacidade de escrever e expressar-se oralmente com clareza.
-Reconhecem e identificam conceitos de diferentes áreas do conhecimento.
-Reconhecem a importância do trabalho em equipe.
-Compartilham idéias e experiências socializando-se naturalmente.
-Estabelecem a relação causa-consequência entre eventos.
-Identificam informações explicita sobre a sequência de eventos ou ações.
E outras...
Concluindo, consideramos o ato de permitir, com que o aluno construa efetivamente seu conhecimento, possibilite o “ato de gestar” novos saberes pelo “fazer”, o que constitui a chamada Educação Emancipatória. Assim sendo, concordo com Meirieu (2002) quando diz que só em reconhecendo a nossa impotência educativa é que encontraremos o verdadeiro poder pedagógico: o de autorizar o outro a assumir seu próprio lugar “fazer-se a si mesmo”, e nesse sentido a LEGO ZOOM propõe uma pedagogia dinâmica e libertadora, através de uma prática reflexiva e emancipatória.

Referências bibliográficas:

PERRENOUD, Phillippe & Thurler, MG. As competências para ensinar no século XXI: A formação dos professores e o desafio da avaliação. Artmed, 2002. Cap.4: O desenvolvimento profissional dos professores: novos paradigmas, novas práticas- Thurler,Mônica Gathe.

MEIRIEU, Philippe- “A Pedagogia entre o Dizer e o Fazer”: A Coragem de Começar- tradução Fátima Murad-Porto Alegre- Editora Artmed – 2002-Conclusão- A aventura continua.
________, Aprender... sim, mas como? 7ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Bibliografia consultada:

PERRENOUD, Philippe – Ensinar:agir na urgência, decidir na incerteza- Saberes e competências em uma profissão complexa- tradução Cláudia Schilling- 2ª. ed. -Porto Alegre-Artmed-2001